Ludovica Rocchi Brandão chegou a Lisboa há dez anos, instalando-se em Campo de Ourique no que começou por ser mercearia italiana. Mas a Fiammetta amadureceu e tornou-se um “restaurante de bairro”, criando raízes com a vizinhança, alimentadas pela deliciosa comida italiana servida a preceito e pela hospitalidade da anfitriã.
Para este verão, Ludovica pensou, juntamente com o chefe executivo Thibault Gilardi e o chefe Nicola Schieda, em apresentar uma “carta fresca, com sabores pungentes”, fácil de ser feita numa cozinha pequena, mas que possa agradar aos vários tipos de cliente. Por isso, há pratos coloridos com sabores memoráveis, mas também novas saladas: de funcho com gambas em creme de laranja e mel (€16), de tomate-coração-de-boi, creme de ricotta, limão e bottarga, delicadas ovas de peixe (€15), de burrata, manga, espinafres, avelã e pesto de manjericão (€15).
Nesta degustação feita ao jantar alcançámos o potencial e a versatilidade da ricotta, que pode ser usada sozinha, como recheio, em sobremesas ou salgada. Tem a textura ideal para ser trabalhada de diversas maneiras.
Aos clássicos que nunca saem do menu (spaghetti alla carbonara, por exemplo) juntam-se de novo os gnocchi de ricotta fritos com espinafres, creme de limão, lascas de queijo ricotta salgado (€16) – sem batata, mais leves e crocantes – e o escalope de vitela panado à milanesa (€20).
Os pratos criados para os meses de verão primam pela cor e por combinações inusitadas. O risoto de beterraba com gorgonzola picante reserva DOP (€17), de um cor-de-rosa vibrante, foi um desafio torná-lo fresco, elegante, finalizado com creme de queijo Parmigiano-Reggiano, em vez de manteiga. Cinco estrelas.
Nas pastas, o spaghettone com pesto de pistácio e tártaro de carabineiro (€38) é quase pecado. No final, é impossível resistir a um cannoli, que mais não é do que bolacha frita recheada com creme de chocolate e de pistácio. Tudo para comer em câmara lenta.
Fonte: Sónia Calheiras (Jornalista) // Comer e Beber // Visão Se7e